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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Um lugar de pessoas suaves

Uma borboleta laranja bate suas asas. Caminha no ar, acaricia-o, toca-o como uma namorada. Ela não é grande, mas é vista, e sua graça é admirada, porque lá é um lugar de pessoas suaves.

O vento que confortou todo o encanto da borboleta faz o mesmo com eles, porque neste lugar as pessoas são suaves, suaves como ele.
Elas o sentem, o vêem e conversam com ele. Ele fala com elas pois sabe que será ouvido. No lugar de pessoas suaves o vento tem seu valor.

Da chuva ninguém se esconde. Neste lugar de pessoas suaves a chuva é doce. Não é sempre fraca, não é sempre quente, mas ela, eles também entendem. Ela fala com eles, assim como o vento, inclusive todos eles são grandes amigos, as pessoas, a chuva e o vento. Mas nem por serem amigos, estão sempre juntos. A chuva é reservada, tímida. Aqui ninguém acreditaria como poderia ela ser tão imperiosa e tão tímida ao mesmo tempo. Sim, ela cai sobre todos, mas é reservada. Eles lhe entendem e lhe dão seu espaço. Assim, quando imperiosa fala com eles, eles ouvem e lhe atendem a solidão. Fecham-se nas casas. Alguns até fecham as cortinas para lhe darem toda privacidade. Outros a observam de longe, através do vidro, ela não se importa. Outras vezes a chuva chega de mansinho e quando eles sentem seu cheiro perfumado, entendem que lhes chamam a companhia.

No lugar de pessoas suaves, tem um tempo pra cada coisa. As pessoas respeitam o tempo assim como entendem a chuva e apreciam o vento. 

Manoela Brum