Páginas

sexta-feira, 24 de março de 2017

Você me tirou a última rosa branca


Você ri. Mesmo sem saber você ri e me rouba cada pequena gota que eu pude ter de algo que jamais me pertencerá. 
Você é a sereia que, após cantar, retorna para o mar, mergulha o mais profundo que pode mesmo sabendo que nada encontrará. 
Foi um nada que tornou-se tudo e retorna ao nada. 
Foi um momento que tornou-se silêncio. 
O silêncio que tanto me atordoou por tanto tempo. 
O silêncio que foi barulho, poesia e vácuo. 
O silêncio que foi perfume e lembrança. 
O silêncio que ficou, o silêncio que se foi.
Sinto sede pelas pequenas gotas de chuva que ainda restavam. 
Mas a sereia as levou.

A rosa que ganhei não vingou, 
a poesia que criei não ficou, 
a alma que almejei não voltou.
Mas eu ainda permaneço aqui olhando para as ondas
esperando que elas tragam de volta minha sereia, meu cisne.

Manoela Brum

Nenhum comentário:

Postar um comentário