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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Só tenho a agradecer

Dizem que a vida é feita de momentos,
talvez sim.
Nessa luta entre o que somos e o que vivemos,
a realidade tem se misturado com o temporário.
Já não se sabe mais o que é real ou não.
Sei algumas das coisa que são reais.
Sei algumas das que não o são.
Mas na verdade (e obviamente)
o que não sei é que me causa inquietação.
Às vezes o mais útil parece perca de tempo.
Só precisava de um lugar para vomitar a saudade que sinto.
Foram pouco menos ou pouco mais de dois meses,
não sei ao certo.
Estava tão bom que não quis me dar ao trabalho de contar.
E fiz bem.
Como disse Oscar Wilde: “A certeza seria fatal. É a incerteza que dá encanto aos fatos. Um nevoeiro sempre torna as coisas mais maravilhosas”.
Realmente, o nevoeiro tem tornado mais maravilhoso.
O fato de não lembrar nem de teu rosto como um todo,
mas lembrar vagamente da tua voz e de teu jeito de falar,
de ver fugidiamente cenas de teu jeito de andar,
de sentir ainda hoje teus braços sobre mim,
ou envoltos em mim, seja como for,
lembrar ao longe o que sentia com você
 e o quanto me fazia rir,
das músicas que ouvi com você
e de quanto teu corpo me acolhia e teu cheiro me acalmava.
Esse é pra mim o cântico mais distante, embora recente, da felicidade.
Os momento foram curtos, mas pareciam e parecem eternos,
talvez eternizados em minha mente e no fluído cósmico universal,
e revividos a cada vez que lembro deles.
O fim foi em silêncio e talvez nem tenha sido.
Mas já não sei se quero saber disso.
Seja o que for que tiver sido,
não guardo raivas, nem mágoas,
nem jamais poderei ter isso,
pois se foram realidade ou falsidade,
ou ainda, apenas delírio,
foram coisas maravilhosas
que jamais havia sentido.
Mesmo que descobrisse que foi um erro,
e mesmo que nunca tenha achado certo dizer isso,
eu faria outra vez,
pois não conseguiria viver sem lembrar disso.
Ainda, mesmo que seja qualquer circunstância,
tenho, para mim, uma consolação eterna:
a de que tenho a eternidade,
e poderei reviver isso.

Manoela Brum

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